Morre Pedro Bandeira, poeta mestre da cultura

Morre Pedro Bandeira, poeta mestre da cultura

Nesta segunda, 24 de agosto a poesia popular perdeu mais um grande mestre. Faleceu em Juazeiro do Norte, Pedro Bandeira de Caldas, aos 82 anos.

Pedro Bandeira, faleceu por volta das 14h00, de parada cardíaca, o poeta lutava contra o mal de parkinson. Era conhecido como o Príncipe dos Cantadores, irmão de Daudeth Bandeira e neto do poeta, Manoel Galdino Bandeira. Nasceu no dia 1º de maio de 1938, no Sítio Riacho da Boa Vista, no município paraibano de São José de Piranhas.

Teve músicas e canções gravadas por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Amazan e milhares de cantadores. Bandeira contou com os maiores nomes do repente, se dizia ser um matuto do pé rachado como se apresentava em seus versos:

“Eu sou um paraibano
da cabeceira do Estado
Nasci numa cama velha
feita de couro de gado
Mamãe é uma matuta
do cabelo cacheado
Meu velho pai um marchante
do açougue pro roçado
Fui amansador de burro
Bom na foice e no machado
Com seis anos descobri
ser um poeta inspirado
Com dezoito viajei
andando a pé e montado
Escavaquei o Nordeste
cantando destambocado
Arribei da Paraíba
com a viola de lado
Vim parar no Juazeiro
por Padre Cícero chamado
Comecei cantar no Crato
pela Rádio convidado
Esse programa de rádio
me deixou famigerado
Resolvi fazer cordel
e poema apaixonado
Fiz supletivo, passei
depois fui vestibulado
Ingressei na faculdade
sou professor diplomado
Em outra universidade
fui em direito formado
Fiz o exame de ordem
sou também advogado
Tem dia que escrevo certo
tem hora que falo errado
Entrei no mundo político
consegui ser bem votado
Vereador duas vezes
na terceira fui roubado
Já me preparo pra quarta
porque sou desassombrado
Não tenho medo de público
por já ser acostumado
Aos fãs e aos eleitores
eternamente obrigado
Nem sou rico nem sou pobre
vivo nesse misturado
Trabalho pra ser autêntico
pra isso tenho cuidado
Sou o mesmo cantador
do tempo velho passado
Canto a trinta e sete anos
e ainda não estou cansado
Nunca encontrei repentista
que me deixasse calado
Como filho, esposo e pai
dei de conta do recado
Tem gente que me censura
porque não compro fiado
Amo a Deus e ao trabalho
o resto é papo furado
Sou homem de dois extremos
matuto e civilizado
Uns me xingam, outros me amam
Adoro quando me chamam

MATUTO DO PÉ RAXADO.”

Por Léo Medeiros

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